Meu maior defeito, nos despreocupados
dias da infância, consistia em desanimar com demasiada facilidade quando uma
tarefa qualquer me parecia difícil. Eu podia ser tudo, menos um menino
persistente. Foi quando, certa noite, meu pai me chamou para conversarmos.
Tinha nas mãos uma tabuazinha de
pequena espessura e um canivete aberto. Ele me disse quando me aproximei: - Meu
filho, risque com o canivete uma linha em toda a largura da tábua. Obedeci e,
em seguida, tábua e canivete foram guardados na escrivaninha.
A mesma coisa foi repetida todas as
noites seguintes. Ao fim da semana eu não podia mais de curiosidade. A história
continuava. Toda noite eu tinha que riscar com um canivete, uma só vez, o sulco
que se aprofundava. Afinal chegou um dia em que não havia mais sulco.
Meu derradeiro e leve esforço cortara
a tábua em duas. Papai olhou longamente para mim, e depois disse: - Você nunca
acreditaria que isto fosse possível com tão pouco esforço, não é verdade? Pois
o êxito ou o fracasso de sua vida não depende tanto da força que você põe em
uma tentativa, mas na persistência no que fizer.
Essa foi uma lição-de-vida impossível
de esquecer e que mesmo um garoto de dez anos pôde e soube aproveitar, não
apenas na infância, mas durante toda a vida. (Wallace Leal V. Rodrigues
Extraido do livro - E, para o resto da vida... Contos que tocam o coração.)
Simples assim.
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